‘Dodôs’: primeira exposição coletiva sobre história da espécie chega a Florianópolis (SC)
11/09/2025
(Foto: Reprodução) Obra "Renascimento" do artista Kuêio
Kuêio
O dodô era uma ave emblemática que vivia nas Ilhas Maurício no Oceano Índico. Parente gigante dos pombos, a espécie tinha o tamanho de um peru, mas não voava. Na ilha na qual era endêmica não havia predadores naturais o que fez com que o dodô não precisasse aprimorar o voo com na sua evolução para escapar de ataques.
Mas com as grandes navegações europeias baseadas em invasões e conquistas de territórios, as Ilhas Maurício ficaram sob domínio holandês no século 16. A chegada deles e a introdução de animais domésticos, como cães e gatos, fez com que a existência dos dodôs começasse a correr riscos.
Os relatos históricos contam que essas aves dóceis viraram alimento para os conquistadores europeus. Os ninhos e ovos da ave também ficaram vulneráveis à chegada dos intrusos. O resultado é que no fim dos anos de 1600, a ave foi considerada extinta.
Obra “Dodô, o imortal”, de Letícia Chamone
Letícia Chamone
A memória dos dodôs ficou restrita a esqueletos da espécie guardados em museus da Europa, dos Estados Unidos e das próprias Ilhas Maurício.
No entanto, essa história trágica da extinção dos dodôs ganhou uma ressignificação na vida de Renato Andreuchetti.
O primeiro contato dele com o que tinha ocorrido com a espécie se deu com a leitura de "Breve história de quase tudo" do escritor Bill Bryson, quando iniciou as pesquisas sobre o tema, impulsionado por uma emoção profunda que não sabe explicar.
Obra “Dodô Street Art”, de Dequete
Dequete
Depois com a leitura de "O Canto do dodô" de David Quammen, Renato Andreuchetti decidiu criar o “Projeto Dodô”.
"Para mim é algo quase inexplicável. Só sei que desde aquele instante de inspiração eu estudo, pesquiso e trabalho com o propósito de transformar a imagem do dodô em conceito de sustentabilidade no cenário nacional. O projeto nasceu em forma de exposições de arte, em que desafio artistas a criarem suas versões contemporâneas do dodô, ao mesmo tempo em que revelo a genialidade e o talento desses pintores e escultores nesse exercício pictórico", detalha Andreuchetti.
O projeto quer conscientizar as pessoas sobre a conservação de espécies ameaçadas de extinção e também chamar a atenção para o cuidado de espécies que estão perto de nós.
Obra “Fim da caça”, de Meio Killo
Meio Killo
"Como pode um cão passar fome, ser abandonado ou espancado? Como pode um bicho preguiça e seu filhotes serem queimados?”, lamenta Renato.
O Projeto Dodô, organizou em Florianópolis (SC), a exposição coletiva "Um bando de dodôs". Vinte e nove artistas aceitaram o desafio de retratarem a ave, em pintura, escultura e grafite.
Obra de “Jardim Secreto”, de Lucas Farias
Lucas Farias
"O dodô é a primeira espécie extinta da era moderna por ações diretas dos homens. “Um Bando de Dodôs” será a primeira exposição coletiva da história dedicada ao dodô. Séculos depois da extinção, homens armados com seus pincéis farão o dodô renascer nas artes", pontua Renato.
A exposição também vai contar com uma homenagem ao pintor flamengo Roelant Savery (1576-1639) o artista mais influente na representação do dodô durante o chamado Século de Ouro dos Países Baixos.
Roelant Savery foi o primeiro artista a retratar o Dodô entre 1611 e 1628
Domínio Público
Como pintor da corte, as obras de Savery inspiraram gerações de artistas. Especula-se que Roelant Savery tenha se baseado num exemplar de dodô empalhado e excessivamente preenchido para criar as pinturas que estão nos Museu de História Natural de Londres, no Museu de História Natural da Universidade de Oxford e no Mauritshuis Museu em Haia na Holanda.
A exposição "Um bando de dodôs" poderá ser vista de 10 de setembro a 11 de outubro de 2025, na Galeria Berlin, Rua Vitor Konder, 409, Florianópolis. Horário : terça-feira das 13h às 18h, De quarta à sábado das 13h às 23h. A entrada é gratuita.
Obra “Dodô Brabo”, de Jorge Tabajara
Jorge Tabajara
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